Distanciamento social, lockdown, home office, calls… O primeiro impacto e tendência que fica para Telecom pós-covid é a alta da demanda de conectividade. A IDC Latin divulgou pesquisa dando conta de que a estratégia de conectividade ganhou status de “alta prioridade” para 39% das empresas da América Latina para 2020 e 2021. Além de outros 24% que classificaram o serviço como média prioridade.
A IDC destaca também que, nesse tempo de pandemia, houve uma alta média de 30% no tráfego de redes fixas e de 10% no caso das redes móveis na América Latina. Muitas empresas de telecom sofreram impactos iniciais de redução de contratos, churn, congelamento de projetos e inadimplência. Mas, já projetam ciclos de recuperação bem mais rápidos do que de outros segmentos.
No Brasil, a pesquisa IDC constatou que 70% das companhias declararam estar atravessando uma recessão (40%), uma desaceleração (22%) ou uma crise (8%). Porém, na outra ponta, 24% afirmaram estar em recuperação e 6% já em processo de aceleração da retomada. Ainda assim, a previsão da IDC é de que o setor de telecomunicações e tecnologia da informação deva ter uma retração de 4% das receitas ante uma previsão, antes da pandemia, de crescimento de 7,5%.
A boa notícia é que a consultoria aponta para a necessidade de as telcos já se prepararem para a recuperação. As projeções da IDC para 2021 apontam crescimento de 4,8%. Número muito pouco abaixo da previsão anterior de 5,1%. Claro, que antes não se contava com o encolhimento do setor.
É importante notar que a retração, agora, é puxada pelo segmento de dispositivos eletrônicos no Brasil. Segundo o levantamento da consultoria, a expectativa é de quedas nas vendas de tablets (-9,5%), computadores (-7,9%) e smartphones (-3,2%), em 2020. Já no que se refere a telecomunicações propriamente, a estimativa é de crescimento em dados fixos (4,2%) e dados móveis (8%). Mas, recuo em telefonia fixa (-8,1%) e nos serviços de voz por celulares (-18,8%).
O impacto da pandemia é geral e irrestrito. Há setores, como o de saúde, indústria farmacêutica e insumos hospitalares que mantém sua demanda alta. Muito embora, tenham, também, que ficar atentos a inadimplência, quebra de contratos e pressões por preços.
O setor de telecom é, certamente, um dos setores com mais dilemas e desafios. Isso porque, de um lado, tornou-se essencial nesse ambiente que se formou com a proliferação da Covid-19. Do outro lado, também precisa lidar, dependendo do seu perfil, com as necessidades de pessoas físicas e jurídicas de evitar investimentos e eliminar ou reduzir custos.
Somado a isso, ainda temos uma revolução tecnológica que está em curso, e vem sendo chamada de transformação digital. A IoT(Internet das Coisas) talvez seja o grande motor de aceleração das mudanças no mercado de telecom, neste aspecto. O termo foi criado por Kevin Ashton, em 1999, para definir objetos capacitados a coletar e enviar dados.
Duas décadas depois de Ashton, podemos estar nos aproximando de 50 bilhões de equipamentos conectados no mundo – um mercado que (antes do coronavírus) a consultoria Gartner previa chegar a US$ 1,9 trilhões já neste ano de 2020.
Para empresas de telecom, a IoT significa ainda mais necessidade de sistemas mais inteligentes, aplicações mais velozes e confiáveis, segurança, melhoria em sistemas de billing e pagamento, pressão por uma tecnologia 5G eficiente e redes integradas.
Assim, superada essa primeira fase, uma travessia para um mundo um pouco diferente, que produz impactos negativos para todas as empresas e setores, a pandemia de Covid-19, associada ou como fator de aceleração da transformação digital, trará impactos positivos na demanda de telecom, nos serviços baseados em nuvem, nos conteúdo digitais, na migração para serviços digitais e para a visão ominichannel.
Ainda não está certo, mas, os comentários e análises, no Brasil, apontam para um adiamento nos planos do 5G para o próximo ano com a suspensão de testes da rede 5G e o adiamento dos leilões.
De qualquer forma, a IDC prevê que até 2023 o tráfego de dados em redes fixas deve aumentar 10,8%, enquanto em redes móveis, 29,2%. Para 2025, a expectativa é de que a quantidade de dados oriundos de dispositivos conectados (IoT) quintuplique. Outro dado que reforça o cenário de recuperação rápida de Telecom é a perspectiva que se desenha com o aumento de 53% na adesão a soluções de comunicação e colaboração neste ano.
Ou seja, “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”. Sem dúvidas é preciso um olhar ainda maior para o fluxo de caixa nesse momento (e sempre). Mas, é também fundamental (esfriar e) colocar a cabeça num futuro muito próximo. As empresas de telecom precisam atualizar seus sistemas, repaginar seu portfolio de serviços, investir em governança e compliance para não perder a chance de surfar no que poderá ser um tsunami (muito positivo) no pós-pandemia.
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