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Impactos da Pandemia no setor de utilities

Todos os setores foram impactados pela crise da COVID-19, com graus de intensidade variados. As empresas de utilities, que incluem empresas de energia, óleo e gás e saneamento estão entre as consideradas mais resilientes diante de uma crise como a que foi produzida pela pandemia da Covid-19. Ainda assim os impactos da Pandemia no setor de utilities são consideráveis.

Um primeiro aspecto que se nota é a mudança rápida no comportamento de consumo, no modelo de trabalho das pessoas e no modelo de negócios das empresas. Rapidamente, a demanda de energia, por exemplo, do setor industrial caiu e do consumo residencial aumentou em virtude do “confinamento”.

 Impactos da Pandemia no setor de óleo e gás

O setor começava a superar o trauma da lava-jato quando veio a pandemia. Queda no preço dos combustíveis, redução da demanda e colapso dos preços do petróleo levaram a Petrobras a reduzir investimentos em ao menos US$ 3,5 bilhões em 2020. No Plano 2021-2025, a estatal reduziu a estimativa de investimentos de US$ 65 para US$ 50 bilhões. Esse ambiente tende a se estender até o final de 2021.

No setor de energia, o consumo, no primeiro semestre, foi 4,5% inferior ao de 2019. No mês de maio, a queda foi de 11% em relação ao mesmo mês do ano passado. Indústria e comércio foram os setores mais afetados. Segundo a ANEEL, as companhias de energia elétrica teriam deixado de arrecadar R$ 14,5 bilhões até o final de novembro.

A área de combustíveis para transportes, que inclui querosene de aviação, GNV e etanol hidratado., chegou a registrar, em abril, queda de 27% na demanda em relação ao mesmo período de 2019.

No Brasil, as Companhias Estaduais de Saneamento Básico são responsáveis pela prestação dos serviços de água e esgoto em cerca de 70% dos municípios, de acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS).

A crise econômica que deve se seguir vai tornar ainda mais difícil promover investimentos em saneamento. O setor já teve impactos operacionais quando deixou de ser incluído nas atividades essenciais, durante as restrições da pandemia.

O papel da tecnologia na recuperação do setor de utilities

Como todas as crises, a pandemia da Covid-19 está gerando transformações para todos os setores, acelerando a digitalização de atividades no que o mercado costumou denominar transformação digital. Além do aspecto econômico, obviamente, mais atividade econômica, mais demanda, mais preços, mais investimentos, a tecnologia torna-se parceiro fundamental de todas as empresas. Não é diferente em utilities.

Internet da Coisas (IoT), Inteligência Artificial, 5G, Big Data. São inúmeras tecnologias e abordagens que vão redefinir o perfil do setor de utilities e deverão ter suas adoções aceleradas (dentro das perspectivas de investimentos possíveis em meio a crise). Essas tecnologias, softwares, hardwares irão baratear ou otimizar investimentos e melhorar a gestão e a operação:

  • Construção de redes melhores, mais eficientes e inteligentes
  • Redução de perdas
  • Mais produtividade da força de trabalho
  • Acuracidade na precificação
  • Mais segurança e privacidade
  • Melhor gestão de riscos – operacionais, financeiro
  • Maior controle de custos e fluxo de caixa
  • Maior conformidade com o arcabouço regulatório
  • Mais estratégia (e com mais consistência) a partir de dados mais confiáveis e análises em real time.

Cenário 2021 para o setor de utilities

Analistas, associações e consultorias continuam apontando algumas possibilidades para 2021, tais como demanda em baixa, adiamento de investimentos por falta de capital e migração de consumo de um subsegmento para outro.

Para se preparar para conter ou recuperar perdas, essas empresas precisarão continuar se reinventando. Notadamente, as empresas já vivem com a necessidade de adequar as operações para que se mantenham factíveis com uma redução de mão de obra, em função de distanciamento espacial e ocorrência de contaminações e quarentenas.

Além disso, é preciso tornar mais eficientes e diversificadas as cadeias de suprimentos para evitar quebras e adequar a estrutura de custos também.

E olhar para o backoffice para que forneça condições de automatizar mais processos, obter informações mais confiáveis. Com mais agilidade e maior facilidade.

De qualquer forma, o setor de utilities está entre os menos impactados, segundo um levantamento da Grand Thornton. Não quer dizer que não tenha sofrido um impacto contundente. No primeiro semestre, a consultoria estimou uma perda próxima de -7% em relação ao segundo semestres do ano anterior, o que coloca utilities no TOP 10 de um ranking liderado por turismo e lazer com perdas de -12%.

O cenário deve ser ajudado ainda pela perspectiva de privatização de 8 empresas, algumas delas no sistema Eletrobrás. A Consultoria tendência também avaliou que apenas cinco estados brasileiros devem encerrar o ano de 2021 com Produto Interno Bruto (PIB) acima do nível pré-pandemia (2019) – Mato Grosso do Sul, Pará, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Goiás. O resultado seria obtido pelos setores de commodities agrícolas e minerais.

O Governo segue otimista. A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia acredita que o crescimento econômico do ano que vem ficará acima de 3%.  Do lado das empresas, é ajustar-se para manter custos sob controle e operação inteligente.

 

 

 

 

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