Como preparar-se para a retomada da economia
Antes de mais nada, o primeiro passo é evitar otimismo exagerado. Como dizia o dramaturgo e ensaísta Ariano Suassuna precisamos ser realistas esperançosos. Nos últimos meses, pudemos observar resultados bem alvissareiros em diversos setores. A retomada da economia, no entanto, deve ser encarada com cautela, segundo muitos economistas e analistas. Isso porque o efeito do auxílio emergencial terá passado e o país estará sob o manto de uma significativa deterioração do quadro fiscal. Ou seja, cautela, caldo de galinha e boa dose de trabalho não faz mal a ninguém!
Mais uma boa notícia. Começam a pipocar estudos nos mais diversos locais, apontando que o ponto de desequilíbrio da economia não foram as restrições impostas pelos países para conter o avanço da contaminação, mas sim o medo. Medo de sair de casa e medo do que viria pelo futuro – queda de renda, perda do emprego. Na medida em que há redução da mortalidade pelo Covid-19 e ganham as manchetes as perspectivas do início da vacinação, esse medo de sair, de investir e de consumir tenderiam a arrefecer.
São sempre inúmeras variáveis que impactam o desempenho da economia. De qualquer forma, o Banco Central divulgou, nesta segunda-feira (30/11), o Relatório Focus, baixando a projeção de queda do PIB de -4,55% para -4,50% em 2020. Para 2021, a expectativa é de uma recuperação melhor, +3,45% ante 3,40%, projetados há uma semana. Na mesma onda, a estimativa da produção industrial em 2021 aumentou de +4,50% para 5,00%. Análises. Previsões. Mas, como disse Peter Drucker, o papa da administração moderna: “não podemos prever o futuro, mas podemos cria-lo”. Então, mãos à obra!
As prioridades das empresas para a retomada da economia
Ainda há muita incerteza, embora a esperança da vacina e do freio nas contaminações e mortes seja maior. Assim, a primeira preocupação de todos os executivos é garantir a saúde de colaboradores, parceiros e clientes e garantir a forma de operar nos mais diversos estágios da pandemia.
Mesmo quando estivermos tranquilos com o fim da pandemia, é preciso estar muito atento à saúde física e mental, especialmente de colaboradores. Inegavelmente, muita coisa irá mudar (ou permanecer igual às fases de distanciamento espacial), tais como trabalho remoto. As empresas deverão criar mais mecanismos para acompanhar as pessoas que estarão distantes.
Mas, para além da saúde, há muito o que pensar e fazer. O Coronavírus acelerou a jornada digital das empresas e exigiu novas formas de operar e gerir os negócios. Elegemos algumas prioridades para auxiliar a sua empresa.
Doze prioridades para os executivos em 2021
1) Trabalhar melhor informações
As decisões precisam contar cada vez mais com dados confiáveis, analisados e obtidos em tempo real. Isso significa compreender de onde vem os dados relevantes e como tratá-los. Significa também que seus sistemas ERP, CRM, frente de loja precisam estar aptos a coletar, processar e oferecer dados em tempo real.
2) Garantir a infraestrutura para isso
Computação In Memory, SaaS, Cloud, agora, são imprescindíveis para garantir flexibilidade, escalabilidade e integridade do armazenamento de dados. E, claro, garantir as melhores práticas de governança, segurança e compliance.
3) Cuidar da infra remota
Em 2020, foi, principalmente, no início da pandemia, do jeito que deu. Além de pensar na infraestrutura “centralizada” que vai garantir o ERP e o Front rodando, agora, é preciso garantir também a infra de quem estará remotamente. Como garantir uma boa conexão de internet, um bom hardware e uma boa câmera. Além da ergonomia do trabalho: local adequado para sentar, iluminação acústica.
4) Novo mindset para criar novos produtos, novos canais
A vida agora é mais digital. Com ou sem Coronavac, Oxford. Não basta criar um App. É preciso garantir o capital humano alinhado com esse novo mundo. Para ter uma performance de destaque na retomada, é preciso moldar equipes multidisciplinares, antenadas com o mundo digital e com metodologias ágeis de gestão e de criação de produtos ou desenvolvimento.
5) Mais interação para o novo consumidor
O tal omnichannel poderia até parecer fetiche do pessoal do marketing. Agora, é cesta básica de empresa de sucesso. Menos atendimento humano, nesse balaio, e muito investimento em customer experience. O Mapa do Ecossistema Brasileiro de Bots 2020 apontou um crescimento de 68% no número de Bots de conversação. Há muito o que fazer ainda em matéria de experiência de usuário.
6) Comunicação e colaboração
A COVID-19 obrigou muitas empresas a partirem para o trabalho remoto. Inúmeras chegaram à conclusão que é um modelo vantajoso, do ponto de vista de custos indiretos e de produtividade e pretendem manter a prática de forma permanente. Para garantir o sucesso, é essencial também uma adaptação dos rituais de gestão, das formas e ferramentas de comunicação e colaboração.
7) Mais automação dos processos
Uma retomada será um momento da verdade entre os mais rápidos e os mais lentos. E, para permanecer competitivo, as empresas investirão ainda mais em automação. É preciso automatizar ao máximo de processos e tarefas. Não só para reduzir custos, por exemplo de pessoal. Mas, principalmente, para eliminar o trabalho manual de baixo valor agregado.
8) Orçamento Base Zero
Essa é uma metodologia diferente, bastante utilizada, e que deve fazer sentido depois de um ano tão atípico. Grosso modo, o Orçamento Base Zero projeta receitas, despesas e custos sem considerar os exercícios anteriores. A ideia é possibilitar projetar gastos sem folgas no orçamento. Ou seja, ao invés de usar médias e colocar alguma gordurinha, a ideia é orçar item a item, em termos bem reais.
9) Ficar de olho no crédito compatível
Varias propostas estão em estudo pela equipe econômica para estender os programas de crédito bem sucedidos durante a pandemia para 2021 e criar novos mecanismos para facilitar o crédito, Por exemplo, avente-se a possibilidade de um imóvel garantir mais de uma tomada.
10) Fortalecer atendimento a cliente
Não precisa dizer, mas a Microsoft fez um estudo em 2019 em que 95% dos consumidores diziam que o atendimento é decisivo para continuar com uma marca, produto ou serviço. No Brasil, 76% dos consumidores dizem que trocam de marca ou deixam de consumidor em virtude de atendimento ruim. E, agora, o consumidor é mais digital e ainda quer mais serviços 24×7. O novo PIX vem apimentar. Pagamentos imediatos também vão sugerir atendimentos mais imediatos.
11) Não descuidar da gestão financeiro
Já virou mantra, mas planejar, analisar e controlar as atividades financeiras da empresa é crucial. E é mais complexo do que muitos julgam. Estamos falando de administração a conta corrente e os bens da empresa, os ativos e cuidar muito bem da lucratividade. Analisar resultados, planejar as finanças, captar recurso, controlar custos, recuperar margens, conciliar contas a pagar e receber e monitorar o fluxo de caixa como se não houvesse amanhã.
12) Melhorar a análise e gestão de risco
Ao lado do caixa gestão de riscos é outro ponto a não descuidar. Olhar riscos de mercado, de crédito, de liquidez e riscos operacionais. Mas, é hora de também pegar os grandes clientes, os parceiros, fornecedores e analisar os riscos inerentes ao segmento de atuação deles, a imagem, a saúde financeira deles.
São muitas possibilidades e necessidades que sua empresa precisa dosar, já em seu Planejamento Estratégico 2021. Mas, uma coisa é certa: o desempenho nessa retomada da economia vai ser mais fácil, se é que dá para classificar assim, para quem entender que é preciso melhorar a qualidade da informação, a decisão, os insights e levar a gestão de risco e da empresa, digamos, no bit. A empresa precisa estar estruturada para análise de cenários e monitoramento de cada movimento da operação. É hora de garantir o “non-surprising management”, o que significa um bom ERP, aplicações complementares e uma equipe com perfil adequado e treinada para essa nova visão empresarial e para lidar com informação em tempo real.