Nem só da paixão sobrevive o futebol. Para além das arquibancadas e dos campos, muitos clubes estão decidindo profissionalizar sua estrutura para terem uma gestão mais robusta e maiores oportunidades de captação de recursos – algo que vem sendo conquistado com suas adesões ao SAF.
Criada pelo Congresso em 2021, a grande proposta por trás dessa sociedade é incentivar a migração dos clubes da associação civil sem fins lucrativos para a empresarial, na missão de ajudá-los a sanar suas dívidas financeiras e a terem novas oportunidades de investimentos.
Assim como toda empresa registrada, contudo, a adesão ao SAF traz consigo normas de governança, controles e meios de financiamento específicos para o futebol que demandam, inevitavelmente, um maior cuidado a respeito deste cumprimento.
Além disso, a legislação aplicada à SAF também prevê alterações quanto à tributação dessas novas empresas, o que vem demandando dos clubes nacionais um maior investimento em recursos e ferramentas que contribuam e auxiliem nesta gestão.
Hoje, já existem muitos clubes brasileiros associados à SAF e ao redor do mundo, comprovando os benefícios de integrar essa sociedade. Contudo, é essencial que essa transição seja feita de forma cuidadosa e com uma visão clara dos objetivos futuros.
Neste texto, explicaremos a fundo as vantagens de realizar essa migração e, acima de tudo, dicas que irão auxiliar a estar em compliance com tais normas, obtendo uma maior saúde financeira que alavanque o time a ser um verdadeiro campeão.
Veja os tópicos que serão abordados:
- Panorama do futebol no Brasil;
- O que é a SAF?
- Qual a importância da SAF para a gestão do futebol?
- O que acontece com as dívidas na SAF?
- SAF: quais os desafios da gestão esportiva?
- SAF e tecnologia: qual a relação?
Boa leitura.
Panorama do futebol no Brasil
O Brasil é o país do futebol. Essa é uma das frases que todos nós, com certeza, já ouvimos em algum momento da nossa vida, o que representa muito bem os gostos da nossa população.
No entanto, esse não é, meramente, um esporte praticado, mas sim uma verdadeira paixão do brasileiro, independente de idade ou classe social.
Segundo dados divulgados em um estudo do Think With Google, o futebol é o esporte preferido por 70% dos brasileiros, muitos dos quais são verdadeiros fãs de seus clubes do coração.
Todo esse sentimento fervoroso vem exigindo dos clubes uma evolução constante não apenas em um time de excelência, como também em tecnologias e inovações que auxiliem desde os treinamentos em si, até a gestão do clube como um todo.
Até porque, sustentar financeiramente um time de grande destaque nacional, certamente, não é barato e, muito menos, algo simples de ser feito.
Em 2023, como exemplo, o futebol nacional teve um de seus maiores faturamentos históricos, ao mesmo tempo em que também viu suas dívidas crescerem a níveis preocupantes.
A soma do endividamento dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, segundo dados divulgados no Relatório Convocados, atingiu R$ 11,7 bilhões ao fim do ano passado, calculado com base em empréstimos, financiamentos, fornecedores, impostos parcelados, e muitos outros.
É diante dessa realidade financeira que o SAF vem sendo amplamente recorrido por muitos clubes como uma salvação de melhorar sua administração econômica.
O que é a SAF?
A SAF (Sociedade Anônima do Futebol), é um tipo específico de empresa criado através da Lei 14.193/2021, a qual estimula a migração dos clubes de futebol de associações sem fins lucrativos, para empresas.
Este novo formato de clube-empresa, conforme previsto na SAF, dispõe de normas de governança, controle e meios de financiamento específicos para a atividade do futebol. Na prática, isso significa que o clube passará a ter um dono, com obrigações mais rígidas perante seu funcionamento.
Existem diferentes formas de abrir uma SAF. Os clubes podem ser fundados diretamente com essa estrutura, ou podem ser convertidos de associação civil para SAF, como exemplo, sendo essa última a opção que mais vem sendo vista no país.
Quando constituída, o clube pode ter um percentual do seu capital vendido para um novo proprietário, sendo que as negociações são feitas diretamente com as associações. Nelas, os interessados costumam assumir as dívidas e fazer uma promessa de investimento na SAF, no acordo de que tenham uma melhor gestão financeira internamente.
Qual a importância da SAF para a gestão do futebol?
Realizar a migração para a SAF pode ser extremamente importante para marcar um novo começo para os clubes que estão com muitas dívidas, oferecendo uma estrutura mais robusta que une o esporte à administração profissional. Contudo, é preciso avaliar as necessidades de cada um e o potencial impacto dessa transformação.
No início de todo ano, é normal que muitos clubes realizem contratações estratégicas para os campeonatos e partidas estipuladas. E é justamente nesse sentido que a SAF entra como um pilar estratégico para suportar essas ações.
Ela traz uma abordagem mais corporativa para o futebol, com o intuito de alinhar a paixão esportiva com a viabilidade financeira. Na prática, isso significa decisões mais estratégicas tomadas de forma coletiva, incluindo captação de recursos no mercado financeiro.
Dessa forma, as chances de permanecerem com endividamentos é significativamente reduzida, aumentando, consequentemente, seu poder competitivo com base nesta maior segurança econômica.
Há desvantagens da SAF?
Uma das principais desvantagens que os clubes podem sentir ao migrar para a SAF é a perda do controle total de suas decisões, uma vez que os novos acionistas terão direito a influenciar nessas estratégias.
Há, também, riscos associados à entrada de capitais de investidores externos que podem não ter os mesmos interesses ou prioridades do clube, o que exige muita clareza neste acordo para que as partes estejam em sintonia quanto às metas e aspirações.
O que acontece com as dívidas na SAF?
Ao realizar a migração para a SAF, ela passará a ajudar e contribuir com o pagamento das dívidas do clube, dentro dos limites estabelecidos pela lei. A partir disso, existirão duas opções de tratar do endividamento. Veja abaixo:
Regime Centralizado de Execuções
O regime centralizado de execuções, criado pela SAF, funciona como uma fila para credores de natureza cível e trabalhista. Nele, a empresa assume a responsabilidade de contribuir no pagamento desta fila com 20% de suas receitas correntes mensais.
Os clubes que entrarem nessa modalidade terão um prazo de seis anos para o pagamento das dívidas. Se, pelo menos, 60% dela for quitada dentro desse período, o restante poderá ser quitado dentro de uma extensão de tempo de mais quatro anos.
Este regime também abre a possibilidade de abater em, pelo menos, 30% das dívidas por meio de descontos, com prioridade aos créditos mais antigos para ordem de pagamento.
Recuperação judicial
Já a opção de recuperação judicial – ou extrajudicial – é mais utilizada por empresas que estão quase falidas, mas que possuem relevância econômica para a sociedade.
A SAF, nesse caso, possibilita o acesso a essa ferramenta para os clubes que se tornarem empresas. Dessa forma, eles podem renegociar suas dívidas com a mediação do poder público, para que os créditos sejam abatidos por descontos e pagos em um novo prazo.
Todos os contratos bilaterais e com jogadores poderão ser transferidos da associação civil para a nova modalidade do clube-empresa, sem que sejam envolvidos no acordo a ser negociado ao longo da recuperação judicial.
SAF: quais os desafios da gestão esportiva?
Com a crescente profissionalização do esporte e o aumento da pressão por resultados, é natural que surjam alguns desafios enfrentados pelos clubes do país. E, deles, um dos mais frequentes é a má administração financeira.
Segundo um estudo divulgado no LinkedIn, 56% dos participantes informaram que essa falta de gestão é, com certeza, um dos maiores empecilhos vistos no futebol brasileiro, a qual pode desencadear uma série de problemas como dívidas crescentes, salários atrasados e dificuldades na manutenção de infraestrutura e investimento em desenvolvimento de jovens talentos.
A pesquisa evidencia como um bom gerenciamento econômico influencia, diretamente, em todo o funcionamento do clube. Não apenas burocraticamente, como também na capacidade de recrutar excelentes jogadores que se unam nos campos.
Com desempenhos constantes e melhores, o clube pode adquirir uma maior receita e, consequentemente, redirecionar as finanças de forma mais estratégica para sua contabilidade.
A interligação desses pontos reforça a importância da saúde econômica de um clube para sua perpetuidade, algo que pode ser favorecido com a migração à SAF.
SAF e tecnologia: qual a relação?
Para que a SAF atinja seu propósito de contribuir que os clubes tenham uma melhor gestão financeira, a tecnologia se mostra como um dos recursos mais indispensáveis para apoiar em todos os momentos.
Graças aos avanços tecnológicos que estamos vivenciando nos últimos anos, o que não faltaram foram ferramentas robustas capazes de fornecer máxima segurança e precisão ao gerir essas informações, dispondo de dados em tempo real que possibilitem tomadas de decisões mais estratégicas aos clubes.
Alguns dos grandes exemplos que merecem destaque nesse sentido são a Inteligência Artificial, a qual pode ser utilizada para automatizar essa gestão; blockchain, capaz de aumentar a transparência e segurança nas transações ou empréstimos; e, claro, um ERP robusto e moderno.
Esses sistemas de gestão possuem uma amplitude de aplicações, que podem favorecer desde o gerenciamento eficiente dos recursos financeiros até a gestão dos contratos de jogadores, patrocinadores, ativos, estoque de materiais esportivos, entre outros aspectos.
Isso proporciona maior transparência e controle sobre as finanças do clube, bem como a segurança nos dados e informações confidenciais. E, para contar com esse apoio, o ideal é recorrer à orientação de uma consultoria especializada no segmento.
Conheça a G2
A G2 é uma consultoria SAP Gold Partner e oferece a melhor solução de gestão para empresas em crescimento, provendo o ERP SAP Business One, totalmente em compliance com a SAP, líder mundial no segmento.
A organização possui ampla experiência em diversos mercados, como prestação de serviços, importação, exportação, indústria, varejo, e-commerce, telecom, energia, utilities, engenharia, comércio e, claro, futebol.
Especialista em gestão esportiva, a empresa tem entre os seus clientes, o Botafogo, que realizou a implementação do SAP Business One, sistema de gestão para empresas em crescimento da multinacional alemã, a fim de obter uma gestão ainda mais eficiente.
Ainda no contexto da SAF, o clube é um caso de sucesso. O acordo firmado com a sociedade, em abril de 2022, concedeu ao investidor 90% das ações do Botafogo, enquanto o Clube Social continuou em posse dos outros 10%.
A meta era investir R$400 milhões nos três primeiros anos do projeto, a qual, com a chegada da SAF, fortaleceu ainda mais a presença do time no mercado do futebol, contribuindo com a compra do atleta mais caro da história do clube, o volante Patrick de Paula.
Para saber mais sobre como a nossa consultoria pode te ajudar nesse sentido, visite nosso site.
Conclusão
Mais do que uma paixão, o futebol também é gestão. E, mais do que um traço cultural, os clubes esportivos também são negócios.
Assim como toda organização, eles precisam sempre estabelecer uma gestão eficiente para que seja garantida maior visibilidade e transparência das operações, algo que a SAF pode favorecer significativamente.
Seja através da recuperação judicial, extrajudicial ou de negociações coletivas, ela auxilia no pagamento das obrigações do clube a credores, de forma que tenham um maior fôlego financeiro para direcionar melhor sua gestão internamente.
Aqueles que decidirem migrar à SAF, poderão obter melhores resultados nas questões administrativas, expandindo as oportunidades de atingir novos patamares. Até porque, se tratando de uma modalidade que, constantemente, faz negociações em nível nacional e internacional, consolidar investimentos ainda mais promissores é o que ajudará os clubes a darem voos cada vez mais altos.
Se você gostou deste texto, compartilhe e confira os outros conteúdos disponíveis em nosso blog, e nas outras redes sociais: Facebook, LinkedIn, Instagram e YouTube.